E aí ele aparece de novo. O medo. Quem nunca sentiu isso na vida? Medo do novo: de planos, de casa, de trabalho, de rotina, de amor. Às vezes por termos tanto receio do desconhecido, acabamos por nos privar de viver.
De experimentar. De sermos felizes. Mas aí vem a prudência. A cautela. Os passos vagarosos que ficam tateando o terreno. Certificando-se de que ali é um lugar seguro. Aí eu pergunto: quem garante o que? Quem garante que o trabalho vai dar certo e que não vão te demitir?
Quem afirma que você vai conseguir pagar a prestação da casa até o final? Quem pode precisar que o amor um dia não vai te trair ou te abandonar? É neste duelo dicotômico que me encontro agora. De incertezas e indagações. Devaneio futuros promissores e finais felizes.
Mas me surpreendo conjecturando um desfecho desastroso. Sempre fui extremante otimista. Confiante. E até ingênua, vítima da minha alma destemida e de minha sede de viver. Ultimamente, depois de tantos tombos e decepções, encontro-me paralisada pela incerteza.
E a paralisação nada mais é do que uma suspensão da vida. Um estado de dormência. Você para para analisar. Constatar. Enquanto isso, deixa seus sentimentos ali. Congelados. Estáticos. Adormecidos. Vira um morto-vivo. É como se deixasse de viver.